O “Superministro” e o Ensaio Fotográfico da Vergonha: Alexandre de Moraes, Felipe Martins e a Democracia em Xeque

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Você já deve ter visto a cena. Um ensaio fotográfico pra lá de curioso, com direito a pose de vilão de filme — . Enquanto o país enfrentava mais um capítulo tenso da novela política e jurídica, o ministro Alexandre de Moraes aparecia em uma produção visual que, convenhamos, parecia mais uma provocação estética do que qualquer tentativa de passar seriedade institucional.

A foto foi parar numa revista americana. A legenda? Nada menos do que um retrato do “superpoderoso do Brasil”, como descreve a publicação. Coincidência ou não, a sessão de fotos ocorreu no mesmo dia em que Jair Bolsonaro foi tornado réu pelo STF, justamente sob relatoria de Alexandre.

Coincidência?

Mas o roteiro da semana não parou aí. Como cereja do bolo, Alexandre ainda resolveu desenterrar um vídeo de outubro de 2024 — seis meses atrás! — para justificar a aplicação de uma multa de R$ 20 mil ao ex-assessor Felipe Martins, alegando violação de cautelares. Detalhe: tanto o Ministério Público quanto o juiz do caso já haviam atestado, ainda em janeiro, que não houve qualquer violação.

Mas mesmo assim… multa. Com ameaça de prisão.

Cautelares eternas e silêncio forçado

A história beira o inacreditável. Felipe Martins está há mais de 250 dias com tornozeleira eletrônica, sendo que o prazo máximo legal é de 150 dias. E o que aconteceu quando esse limite foi atingido? O juiz consultou Alexandre, o MP deu parecer de cumprimento… e Alexandre? Silêncio. Até hoje. O resultado? Um brasileiro com a liberdade cerceada sem qualquer decisão formal sustentando essa condição.

Mais: Felipe foi proibido de falar em público, sob a justificativa de que estaria “se comunicando com outros investigados”. Até entrevistas foram vetadas. A voz dele foi calada — literalmente. Quando tentou falar no Congresso, foi ameaçado de prisão.

O detalhe mais absurdo: a defesa soube da decisão pelo Diário da Justiça.

Sem notificação formal. Se não fosse a imprensa, Felipe poderia estar preso novamente neste exato momento, sem sequer saber o porquê. Em que país democrático isso é considerado normal?

Estados Unidos: investigação em curso

E o capítulo internacional? Felipe Martins será julgado nesta semana nos EUA por suspeita de fraude no sistema de imigração americano. A defesa dele apresentou um documento com dados inseridos e apagados — e a parte mais interessante está justamente na tarja preta que esconde o nome de quem teria feito a inserção dos dados falsos.

Segundo o CBP (Serviço de Proteção de Fronteiras dos EUA), essas informações estão protegidas por se tratarem de uma investigação maior em curso, com envolvimento do FBI e do Departamento de Segurança Interna.

E como se não bastasse, um dia após a entrevista de Alexandre de Moraes ser repercutida nos Estados Unidos, a Embaixada dos EUA no Brasil publicou um aviso em português falando sobre a investigação de fraudes em passaportes e vistos.

Coincidência de novo? A essa altura, fica difícil acreditar que tudo isso seja apenas… sorte do roteiro.

Conclusão: um espetáculo que beira o autoritarismo

Se você acha que tudo isso parece roteiro de série distópica, respira fundo: é o Brasil real. Um ministro da Suprema Corte que proíbe réus de falarem em público, decide de ofício sem provocação do Ministério Público, ignora prazos legais, mantém tornozeleiras sem justificativa e usa um vídeo antigo para aplicar multas e ameaçar de prisão às vésperas de julgamentos importantes.

Isso é justiça ou vingança? Estado de Direito ou estado de exceção?

Felipe Martins virou símbolo de um problema maior: o avanço de decisões monocráticas que atropelam princípios básicos do devido processo legal. E o Brasil segue assistindo — entre memes e incredulidade — à consolidação de um sistema que muitos já apelidam de “Brazuelândia”.

A pergunta que não quer calar: quem vigia os vigilantes?

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